Universo Palpitante
(9 de maio de 1994
Sinto o Universo Palpitante E as estrelas mais distantes Volto o meu olhar Vejo minha estante Num instante Sinto o tempo e o espaço sem fim Bilhões e bilhões de km e anos luz Deveriam ser suficientes Para estancar o pus Das nossas feridas espirituais E preocupações Com as coisas banais Penso no planeta Terra Para nós tão grande Muito maior do que um gigante E de repente a me lembrar do infinito Espanto-me com o significado tão exuberante De um pequeno planeta do sistema solar Comparado com estrelas e galáxias È tão diminuto Que não cabe em nenhuma imaginação Porque não tem dimensão Fico à imginar O que se poderá encontrar No espaço distante? E com espanto indago Se a o meu pranto para mim tão vital Tem importância capital Para seres inteligentes De aspecto diferente Vivendo além do poente Tendo como sol outras estrelas Que brilham sem cessar numa luz espetacular Relembro minha vida E às vezes fico espantado Como aconteceu tanta coisa?! Que sacudiram meus horizontes E transformaram minha vida Em fases tão diferentes Que às vezes ao entardecer sinto medo de envelhecer Pergunto-me Será que já vivi tanto?! Ou será apenas o espanto De se preocupar tanto com o tempo Imaginando que possa ser contado Aquilo que é apenas um aspecto Do nosso intelecto Querendo tudo entender Sem imaginar que o infinito Não pode caber Num relógio, num calendário. Nem mesmo no nosso diário sentimental Porque a verdadeira dimensão é intemporal Tem gente que diz: Isto é um absurdo!: “Você está enganando à si próprio com medo da morte fatal” Como se o que chamamos de morte possa matar o que é imortal Lembro-me do meu pai Tão cheio de vida Alegre, Contente De repente!Desapareceu como “fumaça” Para nós foi uma desgraça Principalmente aquela lembrança De meu pai morto, eu ainda garoto. A imaginar; O que será de mim? Sem aquela luz tão vibrante num jantar dançante Que á mim mesmo ele parecia o próprio Universo Palpitante Para mim o mundo parecia ter se acabado E eu coitado! Tive vontade morrer para não ver mais o entardecer Sem aquela figura fulgurante Às vezes tão brilhante Parecia uma estrela cadente Que não iria mais brilhar no poente E agora vejo o engano de pensar Que a verdadeira vida E só o “palpitar do coração” Porque falta imaginação Para ir além do imediatismo Tal a escravidão Que não nos apercebemos Da rotina, que.... Se mal vivida E uma verdadeira assassina.! Posso imaginar a mim mesmo No Colégio Anglo-Americano Cantando hino E meu pai tocando violino Numa estrela tão distante Que o nosso telescópio imaginário Não percebe que O verdadeiro incendiário È aquele que não tem “coração” Para dilatar a imaginação Não posso viver de quimeras De coisas que dizem serem tão importantes Por exemplo, da “Ciência Econômica” É onipotente E nós temos de nos submeter Á absurda idéia De que muitos têm de morrer Para uns poucos enriquecer Eu prefiro ser louco Do que pensar oco Para mim não faz sentido viver E achar que é virtude empobrecer Eu olho para minha vida E agradeço muita coisa Não ter dado certo Um futuro incerto Porque a excessiva “segurança” È pior do que uma lança A nos fazerem acomodados E também ao caminhar Perder o brilho no olhar Eu prefiro viver no deserto Do que ser esperto Daquela “esperteza” Que não passa de estreiteza De uma miopia espiritual Que às vezes não tem pobreza igual Ah!Minha vida Sinto-a fascinante Sinto-a fulgurante E posso compará-la A uma estrela a brilhar Sem nada assassinar Ao assassino bastante A sua desdita De pensar que destruiu O indestrutível Porque a essência É algo maravilhoso E não pode ser capturado Por nenhum mafioso Agora penso na asneira Na preocupação de viver “muitos anos” Que besteira! Todo tempo contado é pouco A verdadeira vida não pode ser esgotada Nem ser analisada O que é importante então? Vivermos com amor Para superar toda dor Até a solidão-tristeza Não terão guarida No mais profundo do Ser Onde através do olhar Podemos contemplar As estrelas a cintilar
fernandojorge
Enviado por fernandojorge em 01/12/2008
Alterado em 13/03/2016 |